Lendo o post de Consuelo Blocker, do ConsueloBlog, com dicas do que fazer quando você vai a uma festa onde não conhece ninguém, me lembrei do que aconteceu comigo uma vez. Aliás, não deixe de ler o post, as dicas dela são ótimas (grande novidade!).
Consuelo tem toda razão quando diz que cabe a cada um de nós saber se virar em situações incômodas, mas eu complemento, baseado na minha própria experiência, que também é obrigação de quem recebe integrar e deixar seus convidados à vontade.
Na tal festa em que fui, eu não conhecia ninguém, e pior: todos os outros se conheciam. A anfitriã, infelizmente sem muita habilidade, também não se esforçou muito para que eu me sentisse bem recebida.
Cheguei meia hora depois da hora marcada – o que pra mim já foi um esforço, pra mim marcou hora, eu chego na hora – e a dona da casa ainda estava se arrumando. Aí vocês imaginam, eu chego, numa casa onde eu nunca tinha ido antes, e dou de cara com um monte de cara tipo “quem é?” e eu, idem. A primeira coisa que pensei foi: “entrei na casa errada!”. Graças a Deus fui salva por uma gentil convidada.
Quando a anfitriã finalmente apareceu, meia hora depois, cumprimentou a todos, mas imediatamente engatou um papo animadíssimo num grupinho e o resto que se virasse. O resto, no caso eu, ficou à míngua, sem nada para beber ou comer e se sentindo invisível. Procurei, mesmo assim, tentar vencer minha timidez e me aproximar de um ou outro grupo, mas como todos já eram íntimos, as conversas giravam em torno de pessoas, que eu não conhecia, de festas, que eu não tinha ido, de lembranças, das quais eu não tinha participado, e, assim, ninguém me deu bola e eu fiquei me sentindo como se fosse uma intrusa escutando uma conversa atrás da porta.
Acho que nem preciso dizer que não durei nesta festa, dei mais uma meia horinha de oportunidade à anfitriã, mas como nada mudou, inventei uma desculpa e dei o fora. Claro, que não sem antes me despedir da anfitriã, que ainda me diz um “já?”. Minha primeira impressão foi achar que ela estava curtindo com a minha cara, mas imediatamente percebi no olhar dela, que ela realmente não tinha a menor noção do que estava acontecendo. Acho que às vezes falta a certas pessoas a capacidade de se colocar no lugar dos outros e isso, na minha opinião, é habilidade essencial para quem recebe convidados.
A caminho de casa vim pensando em como eu tinha ficado em dúvida sobre ir à festa. Não conheço nenhum dos amigos dela, vou ficar deslocada, pensei eu. Mas acabei resolvendo ir, afinal ela é uma boa nova amiga e imaginei que seria interessante conhecer novas pessoas. Ledo engano! Não cheguei a conhecer ninguém direito, quase não conversei, perdi 2 horas preciosas da minha vida e ainda sai com sede e com fome. Fiasco total!
Então, baseado nessa minha experiência aqui vão algumas dicas minhas para receber bem seus convidados, principalmente aqueles que são mais introvertidos ou que não conhecem o restante da turma:
– Sempre esteja pronta antes da hora marcada para receber seus convidados. Se marcou às 19h, esteja pronta e a postos às 18:30h. Deixe as entradas triunfais para Scarlet O’Hara, isso já não se usa mais, ninguém deve chegar a sua casa e se deparar somente com rostos desconhecidos, isso deixa uma péssima impressão.
– Cumprimente pessoalmente cada um de seus convidados no momento da chegada e ofereça na mesma hora o que beber e comer. Tem coisa pior para uma pessoa, que já está se sentindo deslocada num lugar, do que não ter nada com o que ocupar as mãos?
– Mesmo que todos os comes e bebes estejam à disposição e à mostra, é sempre difícil tomar a iniciativa de se servir, ninguém quer parecer morto de fome, cabe a você levar seu convidado até à mesa, oferecer e estimulá-lo a se servir.
– Apresente todos os seus convidados uns aos outros e, ao apresentar, tente achar alguma coisa em comum entre eles para estimular uma conversa, como por exemplo: “essa é fulana, ela adora cozinhar e testar novos pratos, você não estava querendo aprender a cozinhar?” ou “ela visitou outro dia a exposição tal, você também se interessa muito por arte, não? ou “fulano tem também dois filhos na mesma idade dos seus” e por aí vai, você é a única pessoa na festa que conhece bem todo mundo, cabe a você dar o pontapé inicial para as conversas.
– Por mais informal que seja a reunião, você é a dona da casa e não tem que se encarapitar numa poltrona e deixar que o mundo se acabe a sua volta. Circule entre todos os grupos, fique atenta se todos têm o que comer e o que beber, se não tem alguém encostado num canto se sentindo um extraterrestre, se ainda há gelo suficiente, bebida suficiente, comida suficiente, se o banheiro está limpo, se o papel higiênico não acabou e, e, e.
Sim, vida de anfitriã é difícil e só é pra quem vê diversão em arrumar a casa, em agradar aos amigos e fica feliz quando percebe que todos se sentem bem-vindos e estão bem acomodados, conversando animadamente e bebendo e comendo bastante.
Agora se você acha tudo isso muito cansativo e muito trabalhoso, você tem razão, é mesmo. Então nunca convide, espere sempre ser convidada. Nada de mal nisso também.