Anos atrás eu li uma entrevista com um alto executivo europeu que havia sido transferido para o Brasil e ele comentava como o seu hábito de ir trabalhar de bicicleta era mal visto por seus colegas brasileiros. Bem, ele se considerava um privilegiado por morar a poucas quadras do escritório, por não contribuir para poluir o planeta e por não ficar horas preso no trânsito. Mas, entre os seus colegas no Brasil a opinião era de que ele deveria usar um meio de transporte que estivesse mais de acordo com a sua posição social, ou seja, um carro, e de preferência bem grande e luxuoso. Já pensou se algum cliente visse o presidente da empresa chegando para trabalhar montado numa bicicleta?
É interessante como as coisas mudam, não? Hoje, até no Brasil, a gente observa que o conceito de luxo está cada vez menos ligado a preço e cada vez mais sendo moldado por preocupações sociais, ecológicas e até por sonhos pessoais. Ser chique hoje em dia é se preocupar com o meio ambiente, é não ser consumista, é valorizar o sabor em vez do tamanho da porção, é ter tempo.
Se, num passado recente, o importante era acumular, pesquisas revelam que atualmente o que vale são as experiências vividas, ou seja, trocou-se o ter pelo ser. E essa mudança na percepção do que é luxo está envolvendo todos os setores da economia, a palavra de ordem do momento para todos os tipos de empresas é rever os valores e encontrar formas de proporcionar experiências a seus clientes. Em um mundo agitado e invasivo, estamos valorizando cada vez mais o tempo e o espaço para aproveitarmos momentos especiais e experiências extraordinárias.
E esse novo conceito de luxo é totalmente entendido pela designer londrina Ilse Crawford na concepção de seus ambientes. Desde que ela deixou o cargo de editora da Elle Decoration e fundou sua própria empresa, a Studioilse, ela se concentra em criar ambientes e conceitos para restaurantes, lojas e hotéis. E um dos seus projetos mais bacanas é o Hotel Ett Hem – o nome significa “em casa” em sueco – que fica localizado em uma antiga residência no estilo Arts and Crafts, construída em 1910 numa zona residencial tranquila em Estocolmo.
À frente do seu tempo, Ilse Crawford foi a precursora do movimento do design holístico. Em sua concepção, a decoração deve ser a “frame for life” (ela é autora de um livro com o mesmo nome), ou seja, deve ser uma moldura do estilo de vida do morador, não deve ser intrusiva, ruidosa ou complicada, mas sim acolhedora e libertadora. Não é o projeto que é a estrela do show, mas sim as pessoas, suas necessidades e seus sentimentos.
E esse é todo o conceito que Ilse, junto com a proprietária Jeanette Mix, criou para o Ett Hem. Com uma curadoria impecável, que vai desde a mistura peças de design com móveis e objetos garimpados em antiquários e mercados de pulga, do uso de materiais naturais como madeira e couro, até os serviços e mimos oferecidos e até mesmo na escolha das plantas – dando preferência ao que é simples e familiar como vasinhos de plantas, samambaias e trepadeiras, em vez, por exemplo, das pretensiosas orquídeas. A intenção é clara: refletir o movimento atual de busca pela autenticidade, da liberdade de fazer escolhas e, assim, fazer com que os hóspedes se sintam em casa, ou na casa de um amigo, onde possam desfrutar de todo o espaço sem cerimônia, se servir de snacks na cozinha a qualquer hora do dia ou da noite, se sentar na biblioteca para ler qualquer um dos livros disponíveis ou no lobby para trabalhar em seu notebook.
Todo este conceito vem de encontro às mudanças que falei no início. Luxo, de acordo com Ilse Crawford, é enfatizar as coisas que criam qualidade de vida, elevando o cotidiano para algo especial. Servir um bom chá em uma bela xícara é mais importante do que um enorme buffet de café da manhã, um pratinho ao lado da pia do banheiro onde você pode colocar seus anéis enquanto lava as mãos, uma garrafa térmica com água fresca na mesinha de cabeceira… tudo isso mostra a consideração pelos rituais pessoais. Ou seja, luxo em sua melhor forma!
Quer ver mais um pouco deste hotel incrível? Então dá só uma olhada neste vídeo.
Ficou com vontade de se hospedar no Ett Hem só de ver o vídeo? Pois é, para quem deseja vender produtos ou serviços, criar vídeos que contam uma história sobre a empresa e se relaciona com as necessidades do cliente é uma ótima ferramenta de marketing. E, com os recursos disponíveis hoje em dia, até bem fácil de ser realizado, mesmo por quem tem um orçamento apertado. Esse método, chamado no marketing de Storytelling, promove a marca de uma maneira menos invasiva – não é uma venda direta – mas mais persuasiva e mais memorável (lembra da necessidade das pessoas de vivenciarem experiências?). Se você tem um negócio e se interessou pelo assunto, o site Outbound Marketing tem um ótimo texto sobre como contar a história da sua empresa.