Para os apaixonados pelos livros, uma livraria é sempre o melhor lugar para passar o tempo. Agora imagine uma livraria instalada numa imponente mansão barroca, repleta de história, e onde você ainda pode aproveitar de uma refeição no melhor estilo da alta gastronomia preparada por um dos 100 mais importantes chefs do mundo…
Sim, esse lugar existe, é o Café Pushkin, em Moscou.
Há mais de 50 anos, o famoso chansonnier francês Gilbert Bécaud se apresentou em Moscou e quando retornou a Paris, escreveu a canção “‘Natalie” e a dedicou à sua guia russa. A canção dizia: “Estamos caminhando por Moscou, visitando a Praça Vermelha, e você está me contando coisas sobre Lênin e a Revolução, mas eu estou pensando, ‘eu queria que estivéssemos no Café Pushkin, olhando a neve do lado de fora das janelas. Estaríamos bebendo chocolate quente e falando sobre algo completamente diferente… “
A canção tornou-se bastante popular na França, e assim, era de se esperar, que franceses que visitavam Moscou tentassem encontrar o tal ‘Café Pushkin’. Só que isso não era possível, já que ele existia apenas na imaginação de Bécaud.
Mas foi essa canção que inspirou Andrey Dellos, designer de origem franco-russa e proprietário de vários restaurantes ao redor do mundo, a abrir em 1999 numa mansão barroca o Café Pushkin. E, na inauguração, a convite de Andrey, Gilbert Bécaud pôde cantar “Natalie” pela primeira vez no verdadeiro Café Pushkin.
O prédio comprado por Andrey para instalar seu restaurante é repleto de história. Em 1780, um nobre de São Petersburgo, a serviço da Imperatriz Catarina a Grande, aposentou-se da casa real e mudou-se para Moscou. Lá, ele decidiu construir uma casa e convidou arquitetos italianos para construírem uma mansão no estilo barroco. Em meados do século XIX, a mansão passou para as mãos de um aristocrata alemão, como parte do dote de sua futura esposa. Mas a falência financeira forçou o novo proprietário a abrir uma farmácia no prédio e a instalar no térreo um café para servir refrescos e bebidas aos clientes, que esperavam seus medicamentos serem preparados, e uma biblioteca para os livros de consulta no piso superior e no mezanino.
Na reforma para instalação do restaurante, a antiga farmácia e a biblioteca foram totalmente preservadas, assim como todas as pinturas das paredes e dos tetos e objetos que relembram os antigos proprietários e hoje, os clientes podem comer no salão da farmácia cercados por antigas balanças e frascos de remédios e poções, ou na biblioteca, onde se acomodam entre os globos antigos, telescópios e mais de 3 mil livros, algumas cópias raras, de literatura inglesa, francesa, italiana, alemã e, claro, russa.
Andrey Dellos em entrevista a um jornal russo:
Para mim, toda grande ideia vem dos delírios de um homem louco.
E a ideia do “louco” deu certo. Desde sua inauguração, o Café Pushkin tornou-se um dos poucos restaurantes de Moscou a alcançar o ranking dos Top 25 da Europa e dos Top 100 do mundo. Sua atmosfera impressionante e sua excelente cozinha conquistaram Bill Clinton, Condoleezza Rice, Nicolas Sarkozy, Jack Nicholson, Angelina Jolie, Meryl Streep, Arnold Schwarzenegger, Sophie Marceau, Gérard Depardieu, Catherine Deneuve – e esta é apenas uma pequena parte dos famosos que já visitaram o restaurante. O livro de visitas do restaurante com autógrafos de celebridades do mundo inteiro tem 4 (!) volumes.
O cardápio do restaurante foi igualmente cuidadosamente elaborado. A ideia era que incluísse pratos do tempo do poeta Alexander Pushkin, receitas russas e francesas. E não foi tarefa fácil adaptar receitas históricas aos tempos modernos. O chef Andrei Makhov levou um ano pesquisando entre centenas de receitas, testando e experimentando até chegar ao que é hoje o menu do Café Pushkin.
Existem algumas livrarias pelo mundo que valem a visita, mas essa aqui, onde é possível jantar muito bem ou simplesmente tomar um bom cappuccino com uma porção de crepes com creme e molho de frutas vermelhas (cerca de 1000 rublos, ou 15 dólares, segundo o cardápio do site), é uma dica imperdível para qualquer um que visita Moscou.
Fonte: Café Pushkin