Há anos tenho uma mania incontrolável: arrumar minha cama todos os dias. Mas não é simplesmente jogar a colcha por cima, é arrumar mesmo, esticar tudo bem esticadinho, dar não sei quantas voltas ao redor da cama pra colocar tudo simetricamente na posição correta, afofar os muitos travesseiros e almofadas e no fim, pra completar a paranoia, ainda dou uma paradinha pra conferir e admirar o meu feito.
Loucura? Transtorno obsessivo-compulsivo? Segundo um artigo que li esta semana no blog Apartment Therapy, não (em contrapartida ao que pensam meu marido e filhas). Neste artigo, Jackie Ashton conta que, baseado em pesquisas e estudos feitos por Charles Duhigg para seu livro “O Poder do Hábito” e por Gretchen Rubin para seu bestseller “Projeto Felicidade”, arrumar a cama todos os dias de manhã leva à mais produtividade e aumenta a felicidade.
De acordo com Duhigg e Rubin, a tarefa de três minutos de arrumar a cama é o que eles chamam de “hábito-chave”, ou seja, rotinas que te fazem sentir bem (o resultado delas, não o ato de fazer). E que, por sua vez, esses hábitos-chave são catalisadores de outros bons hábitos, criando novas estruturas, estabelecendo novos e bons comportamentos e, consequentemente, levando à felicidade.
Parei pra pensar e realmente é isso o que acontece comigo. Não sou nenhum “sunshine” quando acordo, sou devagar, lerda e não gosto de papo, mas religiosamente, logo após o café da manhã arrumo a minha cama e aí, como num passe de mágica, é como se eu realmente acordasse naquela hora, minha disposição é enorme, arrumo todo o resto da casa, coloco tudo no lugar, molho as plantas, ajeito as almofadas do sofá, guardo, separo, organizo roupas, jornais, revistas, anotações que ficaram jogadas da noite anterior e aí, com a minha casa arrumada e com tudo nos seus lugares, me sinto feliz, animada, em paz e com a cabeça borbulhando de projetos pra mais um dia.
Descrevendo assim agora, parece que meu marido realmente tem razão e eu devo ter algum distúrbio. Que poder é esse que uma simples cama arrumada exerce sobre mim? Aí voltamos a uma das descobertas de estudos científicos sobre a felicidade: a arrumação de nosso mundo exterior ajuda para a calmaria de nosso mundo interior.
Bem, pra mim isso funciona exatamente assim, se quiserem chamar de distúrbio, eu não ligo.