Você costuma pensar em como estará daqui a 20, 30 anos?

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"Se aposentar é pior que morrer. Há tantas coisas esperando para ser feitas no mundo". Iris Apfel, aos 94 anos

Eu nunca fui de pensar em como eu estaria quando estivesse nos meus 70, 80 anos, mas ultimamente, com tantas pessoas próximas nessa faixa de idade e observando no que elas se tornaram, estou começando a ficar preocupada com isso.

Não tenho medo das rugas, dos cabelos brancos e nem chego a pensar nas doenças ou até na morte, mas morro de medo de chegar daqui a 20, 30 anos e me dar conta de que me tornei uma velha chata, implicante, teimosa, ranzinza, ou, pior ainda, de ter me tornado o verso dessa moeda: a velhinha fofa, que todo mundo chama de vozinha e aperta as bochechas.

Bem, quanto a me tornar uma velhinha fofa acho que não corro esse risco, mas todas as outras alternativas são totalmente possíveis no meu caso, e isso tem me apavorado.

Você costuma pensar em como estará daqui a 20, 30 anos?
“Se aposentar é pior que morrer. Há tantas coisas esperando para serem feitas no mundo”.
Iris Apfel, aos 94 anos

Eu já sou bem implicante, já tenho umas manias bastante sem sentido, sou impaciente com burrice e lerdeza, falo demais, explico demais, reclamo de barulho, junto, guardo e tenho dificuldade de me desfazer de coisas que não uso há anos, implico com criança que fala demais, com pais que chamam seus filhos de “filho” … Meu Deus, o sinal de alerta acabou de acender: eu já sou uma velha chata!

Hora de começar a mudar hábitos e a rever comportamentos. Ainda bem que eu acredito que reconhecimento é o primeiro passo para mudança.

E a primeira providência será imprimir e colar no meu espelho do banheiro essa oração, que encontrei na internet, para ler em voz alta todos os dias logo que acordar. Não consegui descobrir o autor, mas, seja ele quem for, parabéns pelo bom humor, primeiro passo para uma boa velhice.

Senhor, tu sabes melhor do que eu que estou envelhecendo a cada dia.
Sendo assim, Senhor, livra-me da tolice de achar que devo dizer algo, em toda e qualquer ocasião.
Livra-me, também, Senhor, deste desejo enorme que tenho de querer pôr em ordem a vida dos outros.
Ensina-me a pensar nos outros e a ajudá-los, sem jamais me impor sobre eles, mesmo considerando, com modéstia, a sabedoria que acumulei e que penso ser uma lástima não passar adiante.
Tu sabes, Senhor, que desejo preservar alguns amigos e uma boa relação com os filhos, e que só se preserva os amigos e os filhos…… quando não há intromissão na vida deles…
Livra-me, também, Senhor, da tolice de querer contar tudo com detalhes e minúcias e dá-me asas no assunto para voar diretamente ao ponto que interessa.
Não me permita falar mal de ninguém.
Ensina-me a fazer silêncio sobre minhas dores e doenças… Elas estão aumentando e, com isso, a vontade de descrevê-las vai crescendo a cada dia que passa.
Não ouso pedir o dom de ouvir com alegria a descrição das doenças alheias; seria pedir demais.
Mas, ensina-me, Senhor, a suportar ouvi-las com alguma paciência.
Ensina-me a maravilhosa sabedoria de saber que posso estar errado em algumas ocasiões.
Já descobri que pessoas que acertam sempre são maçantes e desagradáveis.
Mas, sobretudo, Senhor, nesta prece de envelhecimento, peço:
Mantenha-me o mais amável possível.
Livrai-me de ser santo.
É difícil conviver com santos!
Mas um velho ou uma velha rabugentos, Senhor,
é obra prima do capeta!!!!!
Me poupe!!!

Você costuma pensar em como estará daqui a 20, 30 anos?
“Nunca penso na morte, NUNCA. Vou deixar para pensar nisso quando tiver mais idade.”
Oscar Niemeyer, aos 100 anos.

Fotos: Elle Decor, The Economist