PASHMINA: Uma jornada pela criação de um dos mais nobres tecidos do mundo

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“Às vezes é difícil imaginar que uma cabra pastando no terreno desértico de Changthang nas montanhas do Tibete possa levar à criação de um dos mais requintados e finos tecidos do mundo – o xale de Caxemira. Nas palavras de um administrador britânico do século XIX, esse xale “é o produto de uma conjunção feliz entre o pashm, uma das mais finas fibras animais já postas no tear e as incríveis e únicas habilidades dos fiandeiros, tecelões, designers, tintureiros da Caxemira. rafugars e uma série de outros trabalhadores ”.

A história do xale de Caxemira continua hoje da mesma forma, mas a maioria dos relatos coloca o início da história em Srinagar, fazendo não mais do que uma referência passageira ao fato de que uma das melhores matérias-primas do mundo vem das altas montanhas de Ladakh. Embora ambas as regiões estejam localizadas no estado norte-indiano de Jammu e Caxemira, e ligadas através do comércio e da fabricação da pashmina, é importante mostrar a jornada da história do início ao fim. Ela leva através de uma das regiões habitadas mais altas e com condições de vida mais difíceis do mundo.”

– Dra. Monisha Ahmed

Inspirado por um profundo amor pela Índia e por uma infinidade de influências internacionais que vão desde a cultura e moda global, o coletivo de artesanato ZEZE Collective, o fotógrafo e cinegrafista Errol Rainey, a Kashmir Loom (por meio de sua equipe de 150 artesãos e de seus sócios, a historiadora Jenny Housego e Asaf Ali), e a antropóloga Dra. Monisha Ahmed, nos levam por uma jornada de Ladakh até a Caxemira nos mostrando o elaborado processo desde a origem até a confecção das peças finais do melhor tecido do mundo: a Pashmina.




A jornada

Situadas no alto das montanhas do Himalaia e Karakoram, no leste de Ladakh, estão as planícies abertas do Changthang (ou “planícies do norte”). A uma altitude de mais de 3.500 metros e intensos ventos gelados, esta é uma das regiões mais frias de Ladakh. É aqui que residem os Changpa (pastores nômades), em tendas de pêlos de iaque preto, junto com seus rebanhos de ovelhas e cabras pashmina.

Pashm, lena como é conhecido na língua Ladakhi, vem do fino subpêlo de inverno ou de uma variedade particular de cabra doméstica, que é conhecida como “cabra Pashmina” ou Changra (ou “cabra do norte”) e também cabra xale. O crescimento da pashmina é estimulado pelo intenso frio de inverno dos planaltos varridos pelo vento, situados em grandes altitudes, como Changthang.

Normalmente, o pashm é tosquiado das cabras nos meses de junho e julho, com uma cabra macho produzindo entre 300 e 500 gramas de fibra e uma fêmea entre 200 e 250 gramas. A pashmina de boa qualidade é determinada por um longo comprimento e pequeno diâmetro, na verdade o diâmetro da fibra é a característica mais importante do pashm – quanto menor o diâmetro, mais fina é a fibra.




Depois da coleta da lã, é feita a separação das fibras, de acordo com suas qualidades e cores. No processo, os óleos naturais e outras impurezas são removidas esfregando-se na lã um fino pó de arroz.

A seguir, a lã vai para as mãos de artesãos especializados em produzir o fio em um processo chamado fiar da lã. Esse processo consiste em pegar uma amostra da lã e passá-la na roca produzindo assim um fino fio de cashmere. A produção do novelo é realizada ao coletar o fio enrolado e esticá-lo novamente em tamanhos pré-definidos, onde após o corte, possam produzir o novelo no tamanho exato para o seu tingimento.

Além dessas belíssimas fotos, Errol Rainey também produziu um vídeo para a ZEZE Collective, onde, além de outras imagens fascinantes, nos traz o relato da Dra. Monisha Ahmed sobre a origem do melhor tecido do mundo. Pesquisadora independente e autora de vários livros e artigos, Dra. Monisha tem visitado e escrito sobre as artes têxteis de Ladakh desde 1987, é co-fundadora e atual diretora executiva da ONG Ladakh Arts and Media Organisation (LAMO). Confira!

Fonte: ZEZE Collective e Kashmir Loom