Os elefantes e a análise de risco

À primeira vista esta foto simplesmente me encantou.

Os elefantes e a análise de risco

Mas no minuto seguinte já estava me recordando dos relatos de uma amiga, que teve oportunidade de se relacionar tão proximamente com elefantes durante uma viagem, e imaginando o que pode ter acontecido imediatamente após essa foto tão idílica ter sido tirada: o elefantinho avançou nos petiscos da mesa e jogou tudo no chão, o outro elefante agarrou com a tromba os cabelos da moça, que começa a gritar desesperadamente, o treinador, na tentativa de segurar o elefante, acaba sendo empurrado e pisoteado por ele, o marido se levanta pra tentar salvar a esposa, tropeça no pé da cadeira e bate com a cabeça na mesa, nisso o terceiro elefante se aproxima…

Sim, minha imaginação é fertilíssima quando se trata de visualizar situações de risco. Medrosa? Pessimista? Desmancha-prazeres? Isso é o que escuto, quando venho com uma dessas minhas previsões.

Está certo, mas também não é uma simples e objetiva Análise de Risco, altamente recomendada e amplamente ensinada nas escolas de administração de empresas?

Segundo uma definição, que li outro dia num artigo sobre gerenciamento de empresas e fui procurar para reproduzir aqui, análise de risco é “o uso sistemático de informação disponível para determinar quão frequentemente eventos especificados podem ocorrer e a magnitude de suas consequências”.

Aplicando agora essa definição à nossa situação retratada: a informação disponível (três elefantes, nenhuma proteção) + o que pode ocorrer (descrevi detalhadamente acima) + magnitude de suas consequências (ossos quebrados, férias estragadas, internação em hospital num país desconhecido). Valeu o risco? Pensou nisso antes de se colocar nesta situação?

Mas o mais interessante dessa história é a forma como essa atitude em relação ao risco é vista de maneiras diferentes. Quem faz isso no ambiente empresarial é considerado um excelente administrador, mas quem faz isso no dia a dia é considerado chato, medroso e covarde. Por que duas opiniões tão contraditórias sobre a mesma maneira de agir?

E mais, para mim, palavras como emoção, aventura, desafio, ousadia são hipervalorizadas e só se aplicam quando tudo dá certo. Deu alguma coisa errada? Então os adjetivos são irresponsável, inconsequente, sem juízo, negligente.

Nada contra quem gosta de se arriscar sem pensar nas consequências, mas, por favor, faça isso longe de mim.

Foto: Four Seasons Tented Camp Golden Triangle